Viajar de avião já foi
um luxo. Era quase um acontecimento sobrenatural ter alguém na família que
tivesse voado. Isso elevava tal pessoa à
categoria de ídolo. Fosse um tio, ou um primo que morasse no exterior,
ou algum lugar distante, a experiência deles no ar virava assunto de final de
ano ou tema importante em qualquer reencontro. Voar era para os pássaros, e
alguns um pouco mais endinheirados.
Hoje isso mudou. Os
aeroportos estão parecidos com rodoviárias e, em alguns casos, piores que
algumas paradas de ônibus. Atolados de gente, com voos a toda hora e para
qualquer lugar, lamentavelmente eles não
evoluíram. Os usuários também não. E pior, os funcionários e empresas de
aviação idem. Portanto, viajar de avião está muito longe de ser uma experiência
agradável. As filas enormes, a falta de conforto, a inexperiência e falta de
aptidão de trabalhadores mal pagos e mal treinados, e a incrível falta de
educação da maioria, tem transformado as viagens de férias em aventuras trash.
Só uma coisa continua
dando a impressão de que voar é para os ricos: os preços cobrados nas praças de
alimentação. Que de praça não tem quase nada e de alimentação muito pouco.
Copos d’água podem
custar quatro reais, um pão com presunto e queijo batizado com qualquer nome
inglês ou francês chega a 18. Para poder tomar uma geladinha ou um choppinho,
enquanto se espera aquela conexão que levará mais de cinco horas, o cidadão
precisa de uma boa conta ou um senhor crédito no cartão E corra logo com o
pedido, pois tem muita gente faminta atrás de você e todos estão presos no
mesmo lugar e querem comer, mesmo que o valor pago seja o igual ao de uma
compra no supermercado.
Sair a retornar também
é perigoso e caro. Táxis de aeroportos, em muitos lugares do Brasil, utilizam
um preço único para a viagem ao centro das cidades. Mesmo que isso seja
proibido. Aliás, o copo d´água cujo preço já deve ter aumentado enquanto
escrevo, deveria ser proibido também. Parece até que é, mas quem deveria
investigar, fiscalizar, criar mecanismos para mudar isso deve estar viajando neste
momento. E possivelmente seu lanche será pago com dinheiro dos nossos impostos.
Portanto, comece a
levar uma marmita nas próximas viagens. Ninguém vai se escandalizar, já que a
geração farofa viaja pela mundo sem medo
de abrir a tampa. Se ela apitar quando passar no detector de metais fale a
verdade. Diga aos fiscais que você trouxe comida de casa. Duvido que algum
deles vai te recriminar. Lá na salinha
de descanso suas marmitinhas também estão esperando para ser devoradas. Quem
trabalha em aeroporto já sabe que a praça de alimentação é zona proibida. A não
ser para os ricos, que geralmente voam de jatinho, longe da gentalha, gentalha…