terça-feira, 28 de maio de 2013

Pai coruja




Amanheci mais novo hoje. O beijo de bom dia da minha filha que está de aniversário me fez lembrar que neste 28 de maio eu faço 17 anos. Que delícia! Um jovem de 17. Como assim, o senhor corôa dizer que está ficando mais novo? Virou O Curioso Caso de Benedito Button?? Eu explico. Quando aquela menininha nasceu, eu renasci. Nós renascemos, a mãe dela e eu. A vida tomava um outro sentido. Um rumo em direção ao querer mais. Um ponto a ser alcançado com vida plena e muito amor. amor essa ex-menininha tem de sobra. Energia, ineligência, capacidade de improviso, pitadas estratégicas de silêncio e isolamento, beleza e uma força delicada de quem sabe que pode mais, apesar de às vezes se achar menos.

Sâmya Domingues ganhou seu nome quando Elô e eu assistíamos a um documentário sobre a vida selvagem na África. Em meios às savanas a personagem principal era uma rinoceronte chamada Sâmya. Já havíamos lido tudo quanto é livro de significado de nomes e nenhum deles deu um clique como aquele momento. Seria Sâmya, e pronto. E um dia explicaríamos como nasceu a curiosa inspiração. E quando o fizemos, ela adorou. E não é pra menos. A agora moça sempre amou os animais. Não tivesse desenvolvido a veia artística eu diria que se tornaria uma veterinária. Mas defensora das causas dos animais, isso eu sei que ela será. Aliás, continuará sendo.

Depois dela, veio a Samara. Juntos  nós  formamos quem nós somos: uma família. Com seus aniversários, suas lutas, mudanças, perdões, dias inteiro de cinema, longos passeios no zoo, museus, shopping, casa da vó, casa do vô, quarto pra arrumar, banho nos gatos, passeio de bike, burger king, filmes iranianos que alugo garantido a elas que vão adorar, viagens, nova vida em nova cidade e aos poucos a expectativa de que em breve a mais velha, que nos faz mais jovens, logo vai embora. Ganhar asas no céu da vida própria,que começa com a faculdade. Logo o número 18 chegará.

Por ora ficamos com o 17. Lindo pelo número 1, que representa o começo, e pelo 7, da perfeição. Aliás, uma palavra correta para definir a aniversariante do dia. Deus estava inspirado quando decidiu que ela viria. E especialmente carinhoso conosco, ao apontar acasa onde nasceria.



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Sonhei que estava chovendo


Quando minha esposa me acordou hoje, com um beijo, foi a primeira coisa que disse. Está chovendo. Levantei, vi que o dia estava mais cinza. Um pouco mais frio do que de costume. Acabrunhado. Um dia triste. Estranhei, porque sempre gostei de chuva. Logo depois, no calendário, recordei que era o dia de aniversário da morte do meu pai. Não digo que isso tenha deixado o dia pior. Ele  já estava triste. Mas a lembrança fez com que eu ficasse mais reflexivo. Contemplativo. Postei no  face alguma coisa, relembrei algumas outras, tentei retomar a rotina. Aliás, rotina em dia triste é a pior rotina de todas.

Não foi uma manhã fácil. Bateu saudade do velho. Que nem era velho quando morreu. E nem ficou. Deve estar mais jovem do que eu.

Mas minha tristeza não tinha a ver com sua ausência. Seria maldade demais. Sofrer excessivamente por alguém que já se foi, deixaria esse alguém se sentindo culpado. Como se sua morte fosse um castigo.

A dor era a da ausência de algo que parece estar faltando no mundo todo. A impressão é de que estamos perdidos em competições diárias pelo status.  O “ter mais” está acabando com as relações sinceras. Em quase todos os ambientes, o que se vê é uma quase total ausência de zelo pelo próximo. De respeito por sua dignidade e individualidade. Está faltando o olho no olho. O respeito pela palavra empenhada. A consideração pela iniciativa do outro. O ouvido mais atento do que a boca. Os olhos mais mansos do que cheios de juízo. Os abraços mais quentes do que armados de interesse.

Acredito que o o fato de ser aniversário da morte de alguém que representa esses valores, tenha me deixado meio assim, acabrunhado, triste, como se estivesse chovendo dentro de mim. Mas espera aí! Eu sempre gostei de chuva…

 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Diagnosticar é preciso

Cheguei a Barretos em Janeiro deste ano. Desde então vivo uma verdadeira imersão no trabalho do Hospital de Câncer. Procurando não limitar minhas ações apenas ao universo da captação de recursos corporativos; função para a qual fui chamado e muito me orgulho, tenho buscado também aprender mais sobre tudo.
A oncologia é uma ciência com uma abordagem gigantesca e por isso mesmo é tão cheia de especialidades e minuúias. Um fascínio para um jornalista que descobriu uma maneira de ajudar a salvar vidas.
Dentro desse enorme leque de possibilidades, decidi escrever sobre um tema que me prende e motiva: o diagnóstico precoce de câncer infantil.
Poucas lágrimas são derramadas com tantos soluços como as que choro muitas vezes no Hospital Infantojuvenil da Fundação Pio XII. Não por causa de condições precárias, ou imagens comuns à maioria dos hospitais que atendem SUS. Muito pelo contrário! A imagem dessa unidade do Hospital de Câncer é a melhor possível. Modernidade, profissionalismo, competência, humanidade, amor, são aspectos comuns do dia a dia do trabalho dos mais de 100 profissionais que atuam somente no cuidado com crianças e adolescentes.
A dor do choro é saber que muitos desses pequeninos chegam ao Hospital tarde demais. O diagnóstico errado, ou tardio, tem atrasado o tratamento e as possibilidades de cura. Culpa de quem? É possível incluir no bolo uma série de ingredientes. Os médicos, que não tem familiaridade com o câncer, e muitas vezes insistem em determinado diagnóstico, sem atentar para a possibilidade de um mal maior. Familiares, que não se informam ou nunca receberam informações sobre possíveis sintomas de câncer em crianças. Professores, imprensa, enfim, a comunidade em geral, que dispõe de pouco acesso à essa dura realidade. E muitas vezes também bloqueia a conversa sobre o tema. Falar de câncer infantil ainda é um grande estigma. E isso só piora o quadro.
A hora é de abrir o jogo! Falar sobre e buscar saber mais, sem preconceito. Criança tem câncer sim, mas a cura existe. E pode ser ainda mais efetiva se buscarmos informações sobre os sintomas mais comuns e como e onde tratar.
 
Conheça algumas das características do Câncer Infantil:
 
•Febre sem causa aparente que dura mais de 8 dias;
•Hematomas e sangramentos nasais e gengivais espontâneos;
•Dor pelo corpo ou óssea que leva a criança se recusar a brincar e que a faz ficar deitada grande parte do tempo, e que a deixa a criança irritada com dificuldade de dormir e chega a tirar o apetite;
•Ínguas no câncer infantil geralmente são maiores que 3 cm, duras, de crescimento lento, indolores e não é justificada pela presença de infecção.
•Pupila esbranquiçada quando exposta à luz pode ser sinal de tumor ocular. Geralmente se manifesta em crianças menores de 3 anos. Este tumor pode também se manifestar por “estrabismo” repentino.
•Vômito e dor de cabeça por mais de duas semanas, principalmente pela manhã, algum sinal neurológico como alteração da marcha ou da visão, ou ainda, aumento da cabeça de forma anormal, em menores de 3 anos de idade podem sugerir tumor do sistema nervoso central.
•Aumento do abdômen acompanhados ou não de dor abdominal, vômitos e prisão de ventre ou diarreia.
•Aumento do volume dos dois olhos ou de um só.
•Sinais de puberdade precoce como aparecimento de pelos pubianos ou aumento dos órgãos genitais antes da puberdade.
•Sangue na urina.
 
No site do Hospital de Câncer de Barretos é possível saber onde existem unidades da Fundação Pio XII e como procurar as equipes para diagnosticar precocemente e tratar as crianças. O Hospital do Amor, ama para a vida toda.