segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Dose pra elefante






Tenho encontrado mais alento, verdade, beleza e até humanidade nos programas que vejo no Animal Planet, do que  na maior parte do que a TV exibe hoje. Os programas jornalísticos, que eram os preferidos, tem se transformado num carrossel de ilusões. Entretenimento barato, fofoca, denúncias vazias, escorregadas editoriais em busca de favor futuro, são alguns dos ingredientes a embrulhar o estômago.

A resenha esportiva, que também já foi deliciosamente técnica e profissional, está abarrotada de comentaristas de boteco e torcedores com direito a microfone de lapela. Um lugar-comum aqui, um chavão ali e pouco ou quase nada de bom,  me obrigam cada vez mais a não deixar o controle remoto longe dos dedos.

Sem contar que em meio a uma programação empobrecida, estamos vendo e ouvindo um festival de promessas, troca de farpas, acusações e messianismos num horário que deveria servir para a propaganda eleitoral. Além de não estar servindo para ajudar o eleitor a buscar seu melhor caminho, esse espaço tem colaborado para acirrar ainda mais o ódio, a incompreensão e a violência.

Entendo e reconheço que devo respeitar aqueles que se identificam com o modo como tem sido conduzida essa curta e pobre (sob o ponto de vista cultural) campanha eleitoral. Uma arena foi montada e milhões tem prazer em estar nela. Outros tantos se deliciam com o pão e circo na arquibancada.

Mas é pra aceitar assim,  afundado na poltrona sem perguntar se é isso mesmo que queremos?

Não podemos perguntar a nós mesmos se o que a mídia escolheu pautar e o que candidatos decidiram dizer tem a ver com o que precisamos de fato?


Enquanto a resposta não vem, apelo novamente para o mundo animal. Belas paisagens e narrativas com fatos da natureza, compravam que o planeta ainda é o mesmo lugar de sempre. E aqui, no pedaço de Terra que chamamos de Brasil, os vulcões que nunca existiram entraram em erupção e os terremotos outrora distantes já fazem tremer nossos pés. Pior que isso: páginas da história que pareciam apagadas, insistem em ser reescritas e pregadas como salvadoras.