segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Apertem os cintos


Viajar de avião já foi um luxo. Era quase um acontecimento sobrenatural ter alguém na família que tivesse voado. Isso   elevava tal pessoa  à  categoria de ídolo. Fosse um tio, ou um primo que morasse no exterior, ou algum lugar distante, a experiência deles no ar virava assunto de final de ano ou tema importante em qualquer reencontro. Voar era para os pássaros, e alguns um pouco mais endinheirados.

Hoje isso mudou. Os aeroportos estão parecidos com rodoviárias e, em alguns casos, piores que algumas paradas de ônibus. Atolados de gente, com voos a toda hora e para qualquer lugar, lamentavelmente eles não evoluíram. Os usuários também não. E pior, os funcionários e empresas de aviação idem. Portanto, viajar de avião está muito longe de ser uma experiência agradável. As filas enormes, a falta de conforto, a inexperiência e falta de aptidão de trabalhadores mal pagos e mal treinados, e a incrível falta de educação da maioria, tem transformado as viagens de férias em aventuras trash.

Só uma coisa continua dando a impressão de que voar é para os ricos: os preços cobrados nas praças de alimentação. Que de praça não tem quase nada e de alimentação muito pouco.

Copos d’água podem custar quatro reais, um pão com presunto e queijo batizado com qualquer nome inglês ou francês chega a 18. Para poder tomar uma geladinha ou um choppinho, enquanto se espera aquela conexão que levará mais de cinco horas, o cidadão precisa de uma boa conta ou um senhor crédito no cartão E corra logo com o pedido, pois tem muita gente faminta atrás de você e todos estão presos no mesmo lugar e querem comer, mesmo que o valor pago seja o igual ao de uma compra no supermercado.

Sair a retornar também é perigoso e caro. Táxis de aeroportos, em muitos lugares do Brasil, utilizam um preço único para a viagem ao centro das cidades. Mesmo que isso seja proibido. Aliás, o copo d´água cujo preço já deve ter aumentado enquanto escrevo, deveria ser proibido também. Parece até que é, mas quem deveria investigar, fiscalizar, criar mecanismos para mudar isso deve estar viajando neste momento. E possivelmente seu lanche será pago com dinheiro dos nossos impostos. 


Portanto, comece a levar uma marmita nas próximas viagens. Ninguém vai se escandalizar, já que a geração farofa viaja pela  mundo sem medo de abrir a tampa. Se ela apitar quando passar no detector de metais fale a verdade. Diga aos fiscais que você trouxe comida de casa. Duvido que algum deles vai  te recriminar. Lá na salinha de descanso suas marmitinhas também estão esperando para ser devoradas. Quem trabalha em aeroporto já sabe que a praça de alimentação é zona proibida. A não ser para os ricos, que geralmente voam de jatinho, longe da gentalha, gentalha…