quinta-feira, 6 de março de 2014

Cinema em casa

Durante um passeio com minhas duas filhas surgiu o cinema, como tema da conversa.  Falamos   sobre  “12 Anos de Escravidão”. Elas queriam saber o que eu  e a “mamis” tínhamos achado do filme. Respondi que além de termos gostado muito da saga de um homem livre, sequestrado e escravizado em fazendas no sul dos EUA, nos chamou a  atenção  o  fato de que  após 161 anos o jornal "New York Times" tenha corrigido um artigo  sobre a  história que originou o ganhador do Oscar.

Publicado em 20 de janeiro de 1853, o texto traz o nome de Solomon Northup, protagonista do drama, grafado incorretamente. O sobrenome aparece como "Northrop" e como "Northrup". O erro veio à tona após a escritora Rebecca Skloot apontar o problema no Twitter.
Curiosidades como a produção ter sido salva pelos cofres de Brad Pitt, o diretor e ator principal serem ingleses, o roteirista ter trabalhado de graça até aparecer alguém que bancasse o filme, o exuberante desempenho do alemão Michael Fassbender também pontuaram nosso papo.
E é gostoso compartilhar isso.  Poder  trocar  ideias sobre cinema, literatura, arte ou qualquer coisa construtiva com duas jovens de 17 e 14 anos é um privilégio.  Ainda mais se elas moram na mesma casa que você.
Em tempos de vacas magras nos relacionamentos, imersão nas redes e o novo mundo das mídias sociais e sua revolução silenciosa, dedinhos de prosa  em família tem um quê de tábua de salvação. Me peguei pensando nisso e fiquei feliz em saber que desfrutamos de prazeres mútuos, mesmo pertencendo a universos tão distintos. O choque de gerações não rompe laços de amor e carinho.
Claro que eu e minha esposa esbarramos na imensa dificuldade que é conviver e entender seres tão diferentes. Filhos evoluíram tanto que às vezes temos a impressão de que foram abduzidos  e  alienígenas os capacitaram com poderes além da nossa conta. E isso acontece com todo mundo. Só muda o endereço.

Mesmo assim me flagrei em paz, lembrando da conversa sobre a luta do escravo que queria voltar pra sua casa. E é isso o que muita gente experimenta hoje: um enorme desejo de voltar pra casa.  Independetemente do tipo de escravidão que enfrenta.