quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Porto entreaberto


Estou muito triste com essa nova onda de assaltos e violência em Porto Velho. Cidade com a qual mantenho forte vínculo histórico, afetivo e profissional. E para quem ainda me dedico, já que o maior investimento do Hospital hoje é na Capital de Rondônia. Sempre fui combativo nos programas, artigos, crônicas e comentários, sobre a insegurança da população dessa cidade. 
Hoje, pelo que vejo nos relatos de amigos, leio nas manchetes, ouço no rádio e acompanho pela TV, a situação piorou. Impressionante! Um lugar tomado de assalto. Em várias esferas, com e sem armas, e sempre com violência.
A violência da agressão física e verbal e a violência que segue doendo; já que a certeza de impunidade, o vazio da incompetência para acabar com o crime, o desassossego do abandono e o conformismo de governantes e até mesmo da sociedade, abrem alas para que mais criminosos apareçam.Engravatados ou não. Armados ou não.
Lamento, profundamente! Como vítima, que também fui, e alvo de ameaças, que sempre fui, sinto a dor da boca fechada de muitos e do grito sufocado da maioria. Inadmissível que tantos bandidos consigam fazer tanto durante tanto tempo, e quase nada ser feito.
Caso de polícia? Claro... Mas é caso de mobilização social também. Os moradores, internautas, contribuintes, não podem mais aceitar esse estado de coisas. O basta deve ser dado não somente nas urnas, já que elas também tem aprontado das suas.  O basta precisa ser dado aqui, nas redes, nas ruas, nos púlpitos, nos altares, nas reuniões, nas assembleias, nas conversas e manifestações organizadas. 
Uma cidade refém é uma cidade quase morta. Um povo violentado, humilhado, com medo de ser a próxima vítima, deve ainda ter uma força que resta, uma energia final para se erguer.  
Acredito muito que essa gente que foi capaz de construir uma cidade a partir de tantos idiomas, dialetos e sotaques é competente também para mudar isso. A capacidade de um povo é medida pelo caráter de sua história e a personalidade de quem viveu para construí-la.  
Porto Velho precisa quebrar a cadeia que prende sua gente e gritar pela liberdade de quem trabalha honestamente e não deveria ficar preso dentro de sua própria casa. Porto Velho precisa renascer. Mesmo sabendo que dói. Mesmo sabendo que haverá dissabores e barreiras a serem quebradas. Mesmo sabendo que reconstruir dá ainda mais trabalho. Mesmo sabendo que o inimigo não tem medo.