No filme O Informante,
Al Pacino interpreta um jornalista em crise. Sua ética é colocada em xeque
quando uma reportagem bomba sobre a indústria do tabaco deixa de ir ao ar.
Comprometendo a promessa que fez ao entrevistado e sua própria história na
televisão. É um daqueles bons filmes, com algo a mais. Num determinado momento o
personagem fala sobre a fama e desabafa: Tire o nome da empresa do meu nome e
simplesmente desapareço. Existo porque
depois do meu nome vem o dela…
É fato! Durante muito
tempo e por uma série de razões, existimos porque ao nosso nome é acrescentada a instituição tal, ou empresa x, igreja y, entidade z. Sou o Fulano,
da…, ou essa aqui é a Cicrana, do…
Carregamos nome,
sobrenome e um outro nome. Claro que isso tem um lado positivo. É nossa
identidade profissional. Com ela apresentamos quem somos e o que fazemos. Muito
do que vem após o nome demonstra também o que cremos ou a razão de estarmos
realizando determinado trabalho.
O peso do desabafo no
filme tem um outro sentido. E nele me apego para desabafar também. Principalmente
por causa de pessoas que carregam após o nome não somente a marca ou o peso
institucional ou corporativo. Preferem arrastar as correntes da arrogância. A
genética da prepotência. O DNA da luxúria e a soberba do sou-mais-e-melhor-que-você.
O lamentável é que
quando chegam nesse estágio, se esquecem que ao ser retirado o nome da marca
após seu nome elas podem desaparecer. Ou seja, não é a sua história, sua
própria identidade, seu desempenho como gente, sua contribuição para a
humanidade, seu zelo como amigo, seu amor ou humanidade que ficaram. A pessoa
que havia ali foi substituída por um crachá no peito e uma sentença na cabeça. E
de repente volta a ter nome e sobrenome, como qualquer mortal, só que sem vida.
Minha prece é para que
meu crachá seja sempre menor que meu coração. O cargo menor que a função. E o
respeito ao próximo, com ou sem nome de empresa no final, mais profundo que o
status ou a fama. Que desaparecem também. A não ser que a imagem tenha luz
própria. E sirva para iluminar a vida dos outros.