Estou num elevador, a
porta se abre, alguém que nunca vi em toda a minha vida diz um amistoso bom
dia! Quer dizer, nem sempre é amistoso e nem sempre é bom dia; às vezes um boa tarde magro ou um boa noite com vontade de
amanhã também aparecem. Mas a questão não é essa: a curiosidade é saber qual a
explicação para que a mesma pessoa que passa por você na calçada ou nos
corredores da empresa, não te enxerga ali e no elevador se transforma num
educado ser humano capaz de cumprimentar. Dependendo do tempo de voo até um
como vai, ou como estão as coisas, pode pintar na conversa que sobe-e-desce.
Não estou dizendo que
não gosto, nem que não o faça. Também sou adepto do bom dia entre 8 pessoas
apertadas. Só que também reflito sobre uma causa maior: a das calçadas, das
ruas, dos corredores, dos locais onde gente
se cruza e o outro também existe. Estamos
num mundo onde somos capazes de sorrir e dizer que precisamos tomar um café
hora dessas olhando pra telinha do celular, sem notar que aquela pessoa pode
estar passando ao lado.
Definitivamente o elevador
e sua capacidade de unir as pessoas tem me
despertado essas interrogações. Inclusive para questionar como anda meu estoque
de bons dias. Será que estou usando bem meus cumprimentos em todo lugar, ou
virei também um elevadoriano, e só dou oi entre quatro paredes de metal?
Educação e gentileza estão
com o estoque baixo. Infelizmente parece que somente quando forçados é que
temos emprestado um tostão da nossa voz. Tendo um smartphone por perto, tudo
fica mais fácil, bastando sacar rapidamente a arma e iniciar uma prosa no mundo
paralelo. Inclusive segundos após o bom dia no elevador, quando o veículo
insiste em parar em todos os andares e começa a causar aquele incômodo de não
termos para onde olhar ou o que fazer.
De repente. ufa, chegou o andar tão esperado... só nos resta um grunhido parecido com um até logo, ou passar
bem. Dizer tenha um excelente dia com um sorriso é algo demorado e dolorido demais. A
porta pode fechar a nossa cara.