Você acredita no whatsapp?
Como uma maneira de realmente se comunicar? Pergunto isso após ler a trágica história
da criança que caiu do segundo andar de um prédio e morreu, enquanto sua mãe
estava num passeio de barco. Longe de querer julgar quem quer que seja, cada um
tem direito de fazer seus passeios e momentos de lazer, me refiro ao episódio
para dar ênfase a outra forma de enxergar o caso. Aquela que tem levado muita
gente a acreditar que mandar uma mensagem basta.
Nessa história, a mãe avisou o pai, que passaria pra pegar as crianças, também mandou texto para o sobrinho, que ficaria com elas, e parece que ainda avisou outros parentes, que teriam um tempo do dia com dois dos seus três filhos. Mas a tragédia escreve errado por linhas tortas. Ao se cercar de zapeadas maternais, ela deixou de fazer algo que fazíamos até esses dias, que era conversar um com o outro. Quando não dava pra ser pessoalmente uma ligação ajudava a esclarecer muita coisa. Ficava claro, pois afinal era uma conversa. Ah, mas mandar mensagem também é... Discordo antes mesmo de chegar na segunda página!
Distante de qualquer
refração à tecnologia, que é uma dádiva quando bem usada, penso que talvez precisemos
repensar. E responder também. O que de fato funciona quando vai pro grupo? As
mensagens são suficientes para esse assunto, ou ele merece um telefonema? (fazia
tempo que não escrevia a palavra telefonema). Será que não é o caso de uma
conversa pessoal? No grupo acima citado, ou com as pessoas mais próximas? Ou a
pessoa?
Sabe, talvez tenhamos nos
espreguiçando no teclado. O touch e suas facilidades, as conexões e suas
acelerações, a mobilidade e a praticidade tem deixado o mundo rápido e ao mesmo
tempo sonolento. São duas redes: a conexão na net e a rede entre ganchos na
parede. Um descanso perigoso às vezes, quando acreditamos, como essa mãe que
agora chora, que uma ou duas frases, ou um áudio, comunicam de fato.
Lamento mesmo a dor da
família e a aquela que me leva a refletir sobre. E a responder minha própria pergunta
do primeiro parágrafo. Sim, eu acredito no whatsapp. Mas não como um ser onisciente,
onipresente e onipotente.