terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Manda um zap


 

Você acredita no whatsapp? Como uma maneira de realmente se comunicar? Pergunto isso após ler a trágica história da criança que caiu do segundo andar de um prédio e morreu, enquanto sua mãe estava num passeio de barco. Longe de querer julgar quem quer que seja, cada um tem direito de fazer seus passeios e momentos de lazer, me refiro ao episódio para dar ênfase a outra forma de enxergar o caso. Aquela que tem levado muita gente a acreditar que mandar uma mensagem basta.

Nessa história, a mãe avisou o pai, que passaria pra pegar as crianças, também mandou texto para o sobrinho, que ficaria com elas, e parece que ainda avisou outros parentes, que teriam um tempo do dia com dois dos seus três filhos. Mas a tragédia escreve errado por linhas tortas. Ao se cercar de zapeadas maternais, ela  deixou de fazer algo que fazíamos até esses dias, que era conversar um com o outro. Quando não dava pra ser pessoalmente uma ligação ajudava a esclarecer muita coisa. Ficava claro, pois afinal era uma conversa. Ah, mas mandar mensagem também é... Discordo antes mesmo de chegar na segunda página!

Distante de qualquer refração à tecnologia, que é uma dádiva quando bem usada, penso que talvez precisemos repensar. E responder também. O que de fato funciona quando vai pro grupo? As mensagens são suficientes para esse assunto, ou ele merece um telefonema? (fazia tempo que não escrevia a palavra telefonema). Será que não é o caso de uma conversa pessoal? No grupo acima citado, ou com as pessoas mais próximas? Ou a pessoa?

Sabe, talvez tenhamos nos espreguiçando no teclado. O touch e suas facilidades, as conexões e suas acelerações, a mobilidade e a praticidade tem deixado o mundo rápido e ao mesmo tempo sonolento. São duas redes: a conexão na net e a rede entre ganchos na parede. Um descanso perigoso às vezes, quando acreditamos, como essa mãe que agora chora, que uma ou duas frases, ou um áudio, comunicam de fato.

Lamento mesmo a dor da família e a aquela que me leva a refletir sobre. E a responder minha própria pergunta do primeiro parágrafo. Sim, eu acredito no whatsapp. Mas não como um ser onisciente, onipresente e onipotente.