Final de tarde, quase
na hora das despedidas, do até amanhã para quem fica, ouço uma colega na sala ao
lado pedindo um sinal de fax. Incrível como a frase “você pode me dar o sinal
do fax” me pareceu tão velha, ultrapassada, antigona mesmo. Nem sei para quem
foi que ela pediu um faz igual, que é o significado da palavra fax, em latim.
Também não sei se a cópia veio boa, se o papel da bobina é térmico e impresso
com jato de tinta, como manda o ainda vivo figurino de um bom equipamento
desses.
Só sei que a invenção
tem protótipos antigos, dos anos 20, mas virou mesmo uma produção em grande
escala em meados dos anos 70. E vendeu horrores. Aliás, ainda vende. E o olha
que o bom fax ainda se mantém ali, na
casa dos 300 reais em média. Um excelente preço para um corôa de escritório. O que
me espantou ainda mais, é que usar fax , comprar fax, enviar e receber, é mais
normal e comum do que minha imaginação poderia copiar.
Pesquisei entre alguns
colegas. Uns, como eu, não se lembram quando foi sua última experiência do
tipo, chegou aí a cópia? Tá boa? Outros falam do aparelho com uma naturalidade
abominável. Minha encucação bateu forte nessa hora. A turma do androide, os
usuários dos ioesses da vida nos iphones e similares, essa galerinha mais z e y
do momento, já nos trata como uma espécie de gente excluída. O quê? Você ainda
não tem wat zap? Não usa o instagram? Não se localiza no forsquare? Em caso de
resposta negativa a condenação vem em forma de desdém. O que é pior que algumas
fogueiras. Entende o drama? Os do fax também podem te excluir a qualquer
momento.
Lembro-me da máquina de
datilografar, das aulas e de como continuei catando milho apesar dos esforços
da professora. Portanto, o fax um dia foi moderníssimo para mim. Para minha
tristeza, ao pensar que achá-lo um equipamento ultrapassado me colocaria no
panteão dos moderninhos, com meu tablet e pouco mais que isso, a voz da mudança
diária, constante, impressionante de tudo o que é tecnológico me botou no lugar
que mereço. Entre a cruz e a espada, ou melhor, entre a maçã e o galaxy. O que,
aliás, piorou a coisa, porque Galaxie para mim, era o carro enorme do meu pai. Mas
essa já é uma outra história. Vou mandar
um fax contando. Me dá o sinal?