segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Você tem dado o sinal?


Final de tarde, quase na hora das despedidas, do até amanhã para quem fica, ouço uma colega na sala ao lado pedindo um sinal de fax. Incrível como a frase “você pode me dar o sinal do fax” me pareceu tão velha, ultrapassada, antigona mesmo. Nem sei para quem foi que ela pediu um faz igual, que é o significado da palavra fax, em latim. Também não sei se a cópia veio boa, se o papel da bobina é térmico e impresso com jato de tinta, como manda o ainda vivo figurino de um bom equipamento desses.

Só sei que a invenção tem protótipos antigos, dos anos 20, mas virou mesmo uma produção em grande escala em meados dos anos 70. E vendeu horrores. Aliás, ainda vende. E o olha que o bom fax ainda se mantém  ali, na casa dos 300 reais em média. Um excelente preço para um corôa de escritório. O que me espantou ainda mais, é que usar fax , comprar fax, enviar e receber, é mais normal e comum do que minha imaginação poderia copiar.

Pesquisei entre alguns colegas. Uns, como eu, não se lembram quando foi sua última experiência do tipo, chegou aí a cópia? Tá boa? Outros falam do aparelho com uma naturalidade abominável. Minha encucação bateu forte nessa hora. A turma do androide, os usuários dos ioesses da vida nos iphones e similares, essa galerinha mais z e y do momento, já nos trata como uma espécie de gente excluída. O quê? Você ainda não tem wat zap? Não usa o instagram? Não se localiza no forsquare? Em caso de resposta negativa a condenação vem em forma de desdém. O que é pior que algumas fogueiras. Entende o drama? Os do fax também podem te excluir a qualquer momento. 

Lembro-me da máquina de datilografar, das aulas e de como continuei catando milho apesar dos esforços da professora. Portanto, o fax um dia foi moderníssimo para mim. Para minha tristeza, ao pensar que achá-lo um equipamento ultrapassado me colocaria no panteão dos moderninhos, com meu tablet e pouco mais que isso, a voz da mudança diária, constante, impressionante de tudo o que é tecnológico me botou no lugar que mereço. Entre a cruz e a espada, ou melhor, entre a maçã e o galaxy. O que, aliás, piorou a coisa, porque Galaxie para mim, era o carro enorme do meu pai. Mas essa já é uma outra história. Vou  mandar um fax contando. Me dá o sinal?