quarta-feira, 11 de julho de 2018

A Tailândia é logo ali




Richard Harris é um cidadão australiano, amado pela família, respeitado pelos vizinhos em Adelaide e passava férias na Tailândia quando soube dos meninos presos na caverna. Prontamente interrompeu o descanso para se transformar em figura fundamental no processo de resgate. Harris é especialista em mergulhos dentro de cavernas e é médico do serviço de ambulâncias de resgate na Austrália. Além de ser conhecido por lidar muito bem com jovens e crianças. Ou seja, a velha máxima de estar no lugar certo na hora certa serve bem para resumir essa história marcada por heroísmo, técnica, aventura e amor ao próximo.

Foi incrível saber detalhes da vida do médico que ficou três dias na caverna e orientou boa parte do processo de salvamento. E chocante descobrir que seu pai morreu exatamente nesses dias, em que ele ajudava a salvar os meninos e seu treinador. Harris soube da morte do pai logo após sair com a última vítima.

Me perdi  em muitas reflexões sobre esse episódio. Pensei na interrupção das férias dele, em como a família conviveu com isso, mesmo sabendo de sua experiência em contraste com riscos enormes. E em meio à comoção mundial viviam a dor particular da perda de alguém precioso e próximo.

O país de origem do doutor Harris quer dar a ele o título de cidadão australiano do ano. Não sei se o médico está interessado nesse tipo de glória, ou se aproveitará isso para fortalecer ainda mais o comprometimento solidário e a doação de talento por uma causa maior; possivelmente sim. Também não sei se o fato ocorrido na Tailândia vai virar série na Netflix ou um candidato ao Oscar.  

Mas uma coisa é certa: um filme passa por nossa mente à medida que sabemos mais sobre esse cidadão e o que ocorreu na Tailândia. São aquelas passagens que mexem com algo dentro da gente que dorme a maior parte do tempo. E de repente desperta porque precisamos disso para dar sentido ao todo. Temos, temos sim, uma capacidade, um dom, um talento, que pode ser útil para o mundo. Mesmo que, aparentemente, não seja o nosso mundo, nossa cultura, nosso quintal.


Obrigado Richard, por não ter medo do escuro.