La
delgada linea amarilla
Já me peguei pensando
que a vida é uma estrada sem volta. Não que isso seja novidade ou alguém já não
tenha dito. É que assisti a um filme
mexicano onde alguns operários vão descortinando suas vidas,
enquanto trabalham de forma precária pintando faixas amarelas no meio da
rodovia. Além de ser uma excelente película, o filme me fez pensar na tal
estrada da vida e como a percorremos.
Aqueles homens faziam o
trabalho a pé. Cada passo era importante. Quilômetros vencidos transformavam-se
numa conquista e tanto. Uma sombra para
descansar, um vilarejo para uma boa comida ou até mesmo um riacho numa pausa de
um raro banho, tratavam-se de momentos extraordinários, vividos intensamente.
Lá fui eu pensar de
novo. E hoje, no dia seguinte, ainda estou refletindo sobre. Talvez eu esteja
percorrendo os meus quilômetros rápido demais. Sem as pausas devidas. Não conseguindo
observar o desenho do horizonte, o sol se pondo, a chuva caindo, as pessoas e
suas histórias, não piores nem melhores que as minhas, mas tão ou mais
importantes...
Talvez não esteja
percebendo o valor da faixa amarela. O quanto ela é fundamental para que eu não
ultrapasse, não seja atingido, ou ande mais devagar.
Olha só! Notei agora que
esse texto de hoje escrevi mais
lentamente. Lendo e relendo cada palavra. Sem me preocupar se é uma prosa
gigante como uma longa reta ou só mais uma pequena curva. Isso não importa. O que
vale mesmo é essa desacelerada. Quem sabe uma parada. Nem que seja para ver se
minhas linhas amarelas estão vivas, retas e bem pintadas.