sábado, 29 de novembro de 2014

Bola de cristal e a caixa-preta



Um dia Pelé previu que a Colômbia venceria uma Copa. Para frustração dele e dos torcedores daquela seleção, a equipe caiu na primeira fase. Tempos depois os economistas pisaram na bola com as previsões de que 2012 seria um dos piores anos para a economia. Aconteceu exatamente o contrário. Por falar em 2012, pior do que dizer que a economia iria pelo ralo, foi o barulho feito no mundo todo de que aquele seria o ano final. O do apocalipse. Até filme com a despedida catastrófica do planeta foi feito. E nada! Está aí nosso mundão, cheio de problemas, mas pelo jeito, longe do fim. Com os defensores dos Maias afirmando que não era bem assim. Como assim?

Navegando pelo mundo das previsões, vi uma brincadeira do programa Pânico de 2009, com a inesquecível Mãe Dinah. Naquele ano a vidente se aventurou pelo futebol também. Disse que no Campeonato Carioca o Flamengo seria campeão. Acertou no time e errou no nome, ao chamar o rubro-negro de Framengo. O furo da Mãe foi comentar que Romário marcaria gols na final do Campeonato. O Baixinho já havia parado de jogar, dois anos antes.

Em São Paulo dona Dinah piorou a situação; garantiu que São Paulo, Palmeiras e até a Portuguesa poderiam levar a taça. Mas as finais já estavam marcadas entre Corinthians e Santos. Além do chute pra fora, ela mostrou que não  andava  vendo nenhuma resenha esportiva. E o Timão comemorou...
Eu passaria horas aqui, escrevendo sobre previsões furadas. Claro que muitas delas também acertaram. Algumas em cheio, outras pela metade, e existem até aquelas que abrem margem para a interpretação. Mais ligadas à fé de quem espera do que ao fato de fato. Sem contar as previsões dos institutos de pesquisa neste ano. Que tiro no escuro. No primeiro turno alguns bambambans chegaram a erros acima de 60%. Uau!!

Falei tudo isso para chegar ao vidente Juscelino Luz, que avisou, com registro em cartório, que um avião cairia na Avenida Paulista no dia 26 de Novembro. Seria um voo Tam, com destino a Brasília. Como sabemos, a Paulista continua linda e movimentada e o povo que estava no avião só teve como preocupação um espera de 20 minutos no ar, em função do mau tempo. Isso em Ribeirão Preto. Nada a ver com Sampa.

Como desculpa pelo erro, Juscelino disse que a empresa aérea, ao saber da previsão, teria trocado a aeronave. Informação negada pelos diretores.
Pelo sim, pelo não, decidi abrir uma nova vaga para a curiosidade e ler mais sobre profetas do passado e do presente. Usando como bola de cristal o doutor Google. Já exclui economistas, institutos de pesquisa, Pelé e Juscelino. A mãe Dinah, como já sabemos e ela não sabia, não está mais entre nós...





quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Anônimos



Sabe aquele saquinho de lixo que estava dentro da lixeira quando você jogou algo que não queria mais? Alguém colocou lá. O papel higiênico, a garrafa com água na geladeira, o pote de margarina, o pão...
Em casa é assim, na rua e na empresa também. Alguém chegou antes e deixou tudo preparado para que você e eu  pudéssemos  usar. O lixeiro recolheu o lixo, o gari limpou as vias, o técnico consertou o semáforo, a zeladora limpou a mesa, os banheiros, os corredores e o caminho estava livre para acordarmos, tomarmos café, sairmos  e começarmos mais um dia.

Quando voltarmos, alguém terá feito muito mais pra que tudo funcione do que nós mesmos fazemos. Claro que cada um executa sua tarefa e é assim que caminha a humanidade. Não disse e não digo que o que eu e você fazemos não tem valor. Ao contrário! Digo que o valor do que fazemos está também baseado no terreno preparado por outros.

E eles são os anôminos, os esquecidos, os que muitas vezes não ganham nem um bom dia. Quanto mais um muito obrigado. Um presente ou alguma recompensa?? Nossa senhora das gorjetas, aí sim é muito raro.

Pensei muito neles e o quanto às vezes perdemos a paciência porque o caminhão de lixo está no meio da rua e queremos que ele saia logo. Meu Deus! Que minutos tão importantes são esses que não podemos esperá-los passar? Os caras estão pegando o resto daquilo que para nós não presta mais.

Por favor não me diga que a ou b estão ganhando pra trabalhar e tem mais que fazer o seu mesmo e pronto. Não é sobre pagar ou não pagar que estou falando. É sobre reconhecer, agradecer, entender, valorizar, enxergar...

Afinal, se uma pessoa se esforçou para que meu bem-estar fosse preservado, seja ela de casa ou não, esse alguém é especial. Me ajudou muito. Deu-me a chance de viver melhor aquele dia.  

Qual o seu nome? Ele tem família? Tem sonhos? Faz um trabalho aparentemente mais humilde por quais razões? Teve oportunidades? Ah, em casa também tem alguns anônimos? Tua mãe não ganha um muito obrigado há quanto tempo? E a pessoa que ajuda vocês de vez em quando? A vizinha que cuidou da casa enquanto você viajou por uns dias, a empregada, o carteiro, o cara do gás...


Tudo bem, andamos muito ocupados, não é mesmo? Não dá tempo de agradecer a todos.