quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Passarinho só



O ambiente de trabalho pode ser um lugar agradável, colaborativo e construtivo. Pode ser também um inferno; adoecedor. Ou ainda uma mistura do utópico com o distópico, sem levar a lugar algum. Permanecendo híbrido, com doses diárias de expectativa e outras tantas de frustração e ansiedade. Ora alegre e extrovertido, outras tantas uma bomba prestes a explodir. Afinal, é um ambiente com gente.

O que fazer para que a sensação de a-guerra-vai-começar-a-qualquer-momento se transforme em trincheiras aposentadas? Depende muito da visão dos gestores. Quem ainda enxerga o colaborador como um objeto com plaquinha de patrimônio terá muita dificuldade em melhorar ou mudar as coisas. E o pior: sem perceber já caminha a passos largos para a tragédia. Da marca, do serviço, dos clientes, ou contribuintes.

Mas, ao contrário do que muita gente pensa, essa mudança não está apenas nas mãos de quem dirige ou gerencia um setor. Público ou privado, vale lembrar.

Equipes, com suas respectivas lideranças, podem identificar mazelas, ambientes que adoecem e iniciar transformações a partir da base. Não, não é de greve ou motim que estou falando. Aqui a conversa é equilibrada. Com crença no poder do bem e das atitudes transformativas. Mentes capazes de se ver e rever o todo, agindo no sentido de fazer com que pequenas doses de amor diário alcancem e quebrem barreiras enrijecidas pelo antiquado modelo de comando e controle.

Antes que me aponte o dedo dizendo que falo isso porque não conheço o local onde trabalha, respire! Tem coisas e situações, entre família, torcedores, fieis, associados, cooperados, colaboradores e outros, que só mudam de endereço. Realidades e verdades ligadas a ambientes de trabalho doentes tem muito mais em comum do que podemos imaginar. Afinal, são ambientes com gente.

Por isso quem dirige e os que fazem parte de um modelo de rotina de trabalho precisam se converter, isso mesmo: se converter ao fato de que a produtividade, o crescimento, a melhoria, a satisfação passam pelo caminho da compreensão, escuta ativa, paciência, resiliência e respeito ao próximo. E sim, com a possibilidade, quase constrangedora, às vezes, de nutrir mudanças de mentalidade, palavras positivas, gratidão, gentileza, educação, companheirismo, doação e bondade.

Sendo esses, e outros muitos bons tópicos de dosagem humana, remédios amargos para que o processo de cura comece pelo pé, não pela cabeça. Por mais alto e envelhecido que o corpo possa estar.

Veja com quem está mais próximo ao teu convívio se não poderiam começar essa revolução do bem. Não para fechar as portas do bom senso e golpear o status quo. É de cultura de atitude que tratamos aqui. A mesma da figura do passarinho só... que não faz verão mas pode juntar-se a outros, melhorando e aquecendoo inverno de muitos.