segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Palavras... Benedictas sejam


                                            


Quem pode dizer o que está entalado na garganta? Quais as notas dissonantes da canção que não me saem? Onde na agenda está escrito esse dia? Quantos tombos não contados já me ralaram os joelhos? Do chão ao topo, que medida temos? E o peso da dor, qual balança é capaz de apontar?

Tem o céu que a gente vê e a terra que a gente conhece. Tem a terra onde ainda não fomos e um céu que se derrama sobre nós. Tem o céu que acredito existir, mas só imagino. Talvez uma terra igual a essa, só que não. Tem o céu da ficção e a terra que fica nas mãos, sujas de pureza.

O ódio te chama pra dançar, a fúria fala docemente ao teu ouvido, a voz da sereia te chama para o fundo, o gigante te desafia para o mal, a sombra se aproxima da tua luz, o silêncio engasga tua voz e o dique bloqueia as águas. Mesmo assim você não desiste. Teimosia de quem se vê!

O medo também tem idade. Lá atrás, quando o tio contava histórias no sítio, assustava de um jeito mágico. Depois veio o medo do futuro, do que ser quando crescer. Suas formas viraram muitas. O não saber presente. Viver um pouco de paz, mas sempre alerta. Porta fechada ou aberta?


O que nasceu, o que viveu, o que morreu, o que deixou a morte a cruz e o sepulcro vazios. O que mais amou, o que religou, o que ainda fala, o que ainda me cala, pra aprender a ouvir, a sentir, servir. O que é Natal presente. Noel, Emanuel terra e céu. Não é meu, nem teu, é nosso.

Ouvi um ruído, tão diferente, presente, único. Incapaz de definir o que era, afinei os ouvidos. Podia ser um anjo, um outro tipo de vento pela janela, um pássaro desconhecido, uma nova nota musical. Quando desisti de tentar descrever consegui escrever. E o som era eu, lá dentro!