Tem o céu que a gente vê e a terra que a gente conhece. Tem a terra onde ainda não fomos e um céu que se derrama sobre nós. Tem o céu que acredito existir, mas só imagino. Talvez uma terra igual a essa, só que não. Tem o céu da ficção e a terra que fica nas mãos, sujas de pureza.
O ódio te chama pra dançar, a fúria fala docemente ao teu ouvido, a voz da sereia te chama para o fundo, o gigante te desafia para o mal, a sombra se aproxima da tua luz, o silêncio engasga tua voz e o dique bloqueia as águas. Mesmo assim você não desiste. Teimosia de quem se vê!
O medo também tem idade. Lá atrás, quando o tio contava histórias no sítio, assustava de um jeito mágico. Depois veio o medo do futuro, do que ser quando crescer. Suas formas viraram muitas. O não saber presente. Viver um pouco de paz, mas sempre alerta. Porta fechada ou aberta?
O que nasceu, o que viveu, o que morreu, o que deixou a morte a cruz e o sepulcro vazios. O que mais amou, o que religou, o que ainda fala, o que ainda me cala, pra aprender a ouvir, a sentir, servir. O que é Natal presente. Noel, Emanuel terra e céu. Não é meu, nem teu, é nosso.
Ouvi um ruído, tão diferente, presente, único. Incapaz de definir o que era, afinei os ouvidos. Podia ser um anjo, um outro tipo de vento pela janela, um pássaro desconhecido, uma nova nota musical. Quando desisti de tentar descrever consegui escrever. E o som era eu, lá dentro!