quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

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Empresta-me tua audiência e te devoro. Fosse sincera a mídia, especialmente aquela na qual os robôs ditam as regras, essa seria uma frase dita mais vezes, ou maldita. Afinal, quanto do nosso tempo a “matrix-informação” tem nos tomado? Polegares, polegares, como estão? Assim estão; tornaram-se membros promovidos ao grau de importância máxima. Tipo o que o cérebro já foi um dia. Chato falar nisso né? Eu sei, até porque mexe comigo também. Meus polegares e nervos adjacentes já dão sinais de uso excessivo e dor. E o cérebro anda com saudade de ler mais.

 

E tem também as crianças. Falo com certa propriedade, porque duas  já viveram em casa comigo e cresceram na migração que o mundo fazia para a terra prometida das redes. E agora temos uma pequena joia iluminando nossos dias; e ela, digitalmente falando, é um ser bem mais avançado que os demais membros da casa.

 

O quanto desse novo mundo afeta a vida de cada um de nós, tem sido uma preocupação constante. Não doentia, pelo amor de Deus. Fanático já basta um pedaço terraplano do mundo. Falo de senso de observação e análise. Estudo diário. Avaliação de comportamento. E o mais importante: o quando do que a filhota faz, deseja, vê e não abre mão, é parte do que enxerga e experimenta no convívio familiar. O que ela copia e cola? Não basta ser mãe e pai, tem que autoavaliar. 

Claro que das mil e uma utilidades que os avanços oferecem, para a educação, saúde, rotina de trabalho, mobilidade, praticidade, existem muitas desvantagens e medos. Daí a razão para evitar a construção de uma torre de papel. Está tudo bem em evoluirmos. Um dia deixamos a caverna, noutro o tacape, e não muito tempo atrás saímos do obscurantismo e aprendemos a questionar e buscar respostas. Se bem que tem gente querendo voltar ao silêncio da inquisição. Mas, deixemos de lado isso; a ideia aqui é outra. 

Proponho conversarmos mais. Compartilharmos as experiências no trato com a aceleração desses processos todos. Inclusive os riscos que corremos de tornar o digital um vício; nosso ou de pessoas que amamos...inclusive aquelas que nasceram há pouco tempo. 

Proponho também uma sutil volta aos livros, às refeições sem celular, idas ao cinema, passeio no parque, viagens com moderação nas selfies e apreciação das paisagens. Abraços, brincadeiras, churrascos com piada e sem pressa, rodas de conversa, preces antes de dormir, gratidão ao acordar, baterias descarregadas,  ar puro, café no coador, bom dia vizinho, boa tarde colega, boa noite amor.