quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Que Mário?

Você conhece o Mário? Que Mário? Aquele... Assim começava uma velha pegadinha que eu  não tinha o hábito de passar pra frente. Acho que por causa dos Mários que conheci e tanto bem me fizeram. A exceção é o dentista onde meu pai me levava. Aquele Mário, o  Melancia, ficou na minha memória, impregnado como um tratamento de canal. Só de ouvir o motorzinho ou imaginar a agulha da anestesia fico apavorado. Até hoje! Seu Benedicto e Mário Melancia me devem a dor desse trauma. Meu velho ainda me deve outra: Sou Júnior, e ser chamado de Benedito sempre precisou de uma explicação.
Fora o Mário do consultório, amigos com esse mesmo nome e especialmente escritores, fizeram de mim um homem melhor. O Vargas Llosa, por exemplo: quer um Mário que tenha entendido tão bem o universo da América Latina? E Mário de Andrade? Que ao escrever sobre o homem do Norte do país lembra: “Esse homem é brasileiro que nem eu”. E o Quintana? O homem que nunca escreveu uma vírgula que não fosse uma confissão. É dele a frase que diz que a amizade é um amor que nunca morre. E que o pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
Tem também o uruguaio Mario Benedetti. Quase um xará. Quem dera! Um dos maiores autores do mundo hispânico, influência de tantos outros escritores e candidatos ao céu das palavras.  Testemunho de mim mesmo foi sua última obra; Biografia para encontrar-me era o livro em que estava trabalhando, quando morreu em 2009. Só os títulos já são uma aula.
Outro Mário que sempre me fascinou, pelo que escrevia, produzia, interpretava, é Mário Lago: “O tempo não comprou passagem de volta. Tenho lembranças e não saudades”.
São tantos Mários, e tantas letras. Mas um sonhador de crônicas não poderia deixar o Prata de fora. Ainda mais depois de conhecê-lo pessoalmente.  Mário Prata das revistas, dos livros, dos jornais... Que delícia ler a história de um casal discutindo a relação em pleno show do João Bosco. E é assim que ele nos leva ao encontro do que pensa.
E foi estudando mais de Mário Prata que os nomes se encontraram. Mas será o Benedito?, é uma coletânea de ditos populares. De um escritor que pesquisa muito. E a expressão nasceu de uma história engraçadíssima, que virou até piada. Pode procurar, vale a leitura e as descobertas. E olha que ainda teria o Mário Ventura, o Chamie o  Lúcio... Você conhece os Mários?