quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Que rainha sou eu?

Salomão Hayala morreu de novo. Na novela O Astro, em 1977, ele foi assassinado pelo personagem interpretado por Edwin Luisi. Ali  foi inaugurada a era do “Quem matou?”. Mais tarde seria Odete Roitmann. Depois virou coisa tão comum que já não parava mais o Brasil. Só que no meio dos anos 70, quando a sala de televisão era o mais sagrado dos  ambientes nas casas, a morte do milionário e a expectativa para saber quem era o assassino, mexiam com o imaginário de uma nação inteira. Novela, jornal e novela eram a sequencia ritual de cada noite em família. No domingo, o programa Os Trapalhões, às sete da noite, era outro dogma quase obrigatório.

Aliás, é bom que se diga,  os homens daquela época  gostavam de uma novelinha. Ou as mulheres já mandavam e nem sabiam. Embora o controle remoto fosse ainda coisa de ficção, o seletor, era esse mesmo o nome, ficava invariavelmente ligado no canal dos folhetins. Sim, novela pode ser chamada assim também! O que os autores imaginavam e escreviam, repercutia  nos salões de beleza, escritórios, escolas e botequins; as redes sociais da época... Apostas e brigas eram comuns, para tentar saber quem afinal de contas era o vilão e homicida.

Não apenas isso! Lembro-me bem do silêncio obrigatório quando começava Saramandaia. Novela que me dava o maior medo. Quando eu podia fugia da sala. A Mulher Gorda e o cara com formiga saindo do nariz me apavoravam profundamente. A música Pavão Misterioso ainda me causa arrepios. Os heróis de Irmãos Coragem, o romance de Selva de Pedra, a trama de Mulheres de Areia, a novidade da  Band com Ninho da Serpente, Os Imigrantes e mais tarde a Manchete com Pantanal, ou as doses de humor criativo na Globo com Que Rei Sou Eu, fizeram das novelas mensagens presentes na vida lá de casa. Ainda assim, não viciei. Nunca fui um noveleiro. Confesso que fiquei sabendo que o Edwin Luisi é importante personagem em Rebelde, da Record, quando li algo sobre Salomão Hayala ter morrido de novo; Agora parece que o assassino vai ser outro.

Curioso é que mesmo sem hoje ser programa obrigatório, nas mídias sociais, páginas on e off line, as novelas ainda dão o maior ti-ti-ti. E as fórmulas continuam as mesmas: Alguém amou, alguém matou, alguém morreu. No país onde a verdade parece mentira e o noticiario beira a ficção, Janete Clair seria presidente, ou presidenta, como queira.