Eu tenho filhas, três criaturas maravilhosas. Tê-las no colo, a seu tempo, sempre foi a tradução mais pura de aconchego, proteção, cuidado, amor. Uma espécie de realidade paterno-maternidade existencial.
No momento em que escrevo
esse pequeno delírio afetivo, o faço motivado pelas manchetes do dia. Entendo
que se você estiver me lendo no futuro, preciso explicar bem que história é essa,
pra não parecer um pai mais gagá do que um ainda saudável até pra ter mais um
herdeiro.
É que no final de semana
que antecedeu essas linhas, um pai, lá no belíssimo Rio Grande amado, invadiu,
com a filha no colo, o gramado de um jogo entre Inter e Caxias, quando
seu time colorado havia sido desclassificado.
Qual a razão da invasão?
Pedir um autógrafo? Fazer uma selfie pra neném lembrar do passeio com o papai?
Não!! Infeliz e lamentavelmente não.
O pai de família (até antes
desse domingo acredito que ele era) pulou a cerca, agarrado à criança, e com a
mão que sobrou distribuiu sopapos, tapas e pancadas nos jogadores do time rival.
O choro e desespero da menininha não foram suficientes para evitar que o torcedor
se comportasse como um idiota.
A torcida, o clube, o
esporte, a paternidade, o lado bom do mundo não merecem nenhum generalismo. Ou seja,
é preciso apontar quem, quando, como e onde, sem levarmos o desabafo para a
arquibancada da vida.
E ao olhar pra ele, quase
duvidando que alguém foi capaz disso, me vi novamente com as filhas no colo.
Torcendo por elas!