Sede
de vingança
Num mundo com fome como
o nosso, existe também um cenário de sede. Vários tipos de sede. Aquela mais
conhecida, por conta da falta de água em várias partes de um planeta desigual e
uma outra, tão perigosa quanto: a sede
de vingança. Andamos tão atravessados de medo e abarrotados de violência que
quando menos percebemos já estamos com as armas prontas para aniquilar. Não necessariamente
no sentido físico, embora às vezes a gente odeie por quase um segundo, como diz
Herbert Vianna, e nesse microtempo acabemos com vontade de socar alguém mesmo.
Só que os rompantes, na
maioria das vezes contidos por quem
ainda consegue ser do Bem, vão se acumulando. Se não dermos um jeito de deletar
os pequenos ódios de cada dia, uma hora eles se transformam em nosso Stranger
Things. Nessa hora da raiva pode ser que surjam palavras e atos com um desejo
brutal de saciar a sede perigosa de vingança. Só que muitas vezes, quando
pensamos em matar, morremos e sofremos mais interiormente.
É preciso aprender a
observar como nosso sistema operacional funciona. Até que ponto somos capazes
de suportar e buscar ajuda para aprender a desenvolver uma maior resiliência.
Não estou falando de
engolir todos os sapos, aguentar calado a injustiça, nada fazer por nada fazer.
Estou sugerindo que não
desçamos tanto ao vale assim. Não sejamos beligerantes e cheios de rancor o
tempo todo. Que consigamos compreender que aquela dose venenosa de vingança
pode ter um efeito curto e temporário e mais tarde só nos fazer mal.
O pensamento aqui é de
que lembremos mais as vezes em que também fomos perdoados. Ou consigamos
recordar situações e gestos que merecem gratidão. Muitas vezes protagonizadas
por aquele alguém que agora pode estar
nos causando dor.
Se for possível matar
essa sede dolorosa com goles de água saudável e um repensar com calma sobre
tudo e todos, façamos assim.
Saúde!
Benedicto Domingues Júnior/APG Sênior Amana Key