quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Seat for flotation

Sempre que posso eu atendo a convites para dar palestras. Falo sobre ética no trabalho, marketing pessoal e resiliência. Você sabe o que é resiliência? Viu! Deve ser por isso que estou sendo chamado cada vez menos...
Nos longos intervalos entre uma palestra e outra, aproveito pra me aprofundar em alguns tópicos dos 3 temas. Quando falo em resiliência, a capacidade que a gente desenvolve para conviver em ambientes com muita pressão, geralmente abro citando o exemplo dos tipos de pessoa encontrados em momentos de desespero ou tragédia. Numa queda de avião, ou um prédio pegando fogo, por exemplo.

Dizem os entendidos que existem três tipos de pessoa: aquela que fica paralisada, catatônica, trava toda e não consegue fazer nada, a que se desespera totalmente e corre de um lado pro outro e, por fim, o que consegue manter a calma, socorrer os demais, orientar e buscar uma saída com um mínimo de sangue frio e consciência.

Descobri que existe também um quarto tipo de pessoa: é o comediante de stand up.  O  observador, que consegue identificar cada um na sua e ainda sobrevive. Depois vai pro palco, conta tudo, exagera e ganha dinheiro. Ao invés de tentar ajudar fica só de olho: Humm, aquele ali vai morrer; não sai do lugar, olhos esbugalhados, palidez, acho até que já morreu. Essa aqui tá indo direto pras chamas. Não viu que a saída é pro outro lado. E o outro ali é fera. Socorreu, um, deu um tapa  na outra pra acordar e achou a saída. Pulou na água e… que merda!! O assento não flutua...era mentira.

Quando falo sobre ética no trabalho, geralmente a palestra dura menos que as demais. Primeiro porque a maioria não acha que precisa. O sujeito puxa o tapete do colega, faz de tudo pro novato não se dar bem, leva um monte de histórias pro superior e se acha ético. Tudo pelo bem da empresa...que aliás, muitas vezes tem em cargos de chefia alguém que chegou lá sem nenhuma dose de ética. E ainda convida um palestrante porque acha que é disso que a equipe dele está precisando. E de resiliência também. Principalmente a hora que a coisa pega fogo.

O marketing pessoal então,  está com os dias contados. Com as redes sociais todo mundo acha que sabe vender a própria imagem. E ninguém mais tem defeito. O mundo virtual é o melhor lugar pra gente morar. Principalmente se você tiver dois polegares rápidos, meia dúzia de frases feitas e fotos legais de quando você era magro e sabia nadar.

Bem, com licença que tenho um texto de stand up comedy pra mandar para um amigo que tem show amanhã. E não viaja de avião de jeito nenhum...