terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Comandante, volte para o navio, é uma ordem!

O que faz um líder? Ele aponta os rumos? Dita as regras? Mostra como se faz? Incentiva? Inspira?

De que maneira os liderados se deixam tomar pelo som da voz de comando e se embrenham no oceano do desconhecido, nos desfiladeiros das incertezas, para provar que são dignos de tal liderança? Ando pensando sobre isso. Não que tenha sido motivado por alguma leitura. Ao contrário! Há tempos que não leio algo sobre liderança que de fato mexa com meus instintos de redator. Aliás, é a quase absoluta falta de gente capaz de inspirar que me levou escrever e perguntar: para onde foram os líderes? Onde deixaram escondida a semente das melhores safras?

Ao ver a foto do gigantesco navio Costa Concórdia, naufragado e frágil em águas italianas, tive a sensação de que vivemos algo parecido, mesmo tendo os pés firmes em terra seca. O que parece ser um delicioso cruzeiro com ventos a favor, pode se transformar num caos, com água entrando por todos os lados.

No caso do navio, sabe-se que seu líder já estava longe da tragédia quando famílias se debatiam em busca de um colete, um bote e de alguém para salvar suas vidas.

E o nosso navio? Em quem águas navega? Para onde vai? Como estão seus equipamentoa de emergência? O que fazem, neste momento, nossos comandantes?

Tenho a impressão que a maioria a bordo descansa tranquila em suas cabines. Alguns outros passeiam em paz pelos ambientes da embarcação, certos de que tudo vai bem. Em momentos assim, raramente nos lembramos que mesmo submersas as rochas podem ser traiçoeiras. Mesmo aparentemente pequenos, os blocos de gelo escondem pontas perigosas, capazes de rasgar os cascos mais endurecidos.

E se num movimento brusco, o pior acontecer? Como reagiremos? Nossos líderes estão capacitados para garantir total segurança? Permanecerão à bordo até que todos se salvem? Gostaria de acreditar que sim. Que eles tem convicção a respeito do que fazem, e, ao contrário do comandante italiano, são capazes de ouvir seus subordinados, a ponto de mudar o rumo, se for preciso. Mais que isso: estão protos para enxergar no horizonte o ponto de chegada.. E nos levar até lá, sem surpresas e perigo.

Para isso é preciso encontrar um ponto de parada para apoio e retomada da viagem. Talvez em alguma ilha, escondido no farol que impede os naufrágios, esteja a carta de navegação que faça renascer o espírito de liderança, a chama de comando, a voz de autoridade, a força dos capitães, a bravura dos navegantes destemidos.

É deles que sentimos falta! Mesmo aparentemente navegando em águas calmas...