segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Jodinilson Paçoca, o especialista

Tenho amigos especialistas em quase todas as áreas. Aliás, quem não tem? Toda turma conta com o sujeito que entende de alguma coisa. Tem o que manja de vinho. Sabe tudo sobre Malbec, Cabernet, Merlot ou a uva que estiver no rótulo. Faz pose pra sentir o aroma e dá aula sobre o tema até ficar chato. Com umas taças a mais então, o que era chato fica insuportável. Um outro entende de cerveja: belgas, tchecas, alemãs, holandesas, britânicas, pretas, brancas, levemente escuras, amargas, de trigo, de cevada, seja o que for. O cara sabe de cerveja e pronto. Tem urticária quando alguém fala que cerveja é tudo igual. Ou que depois de uns copos não dá mais pra saber qual é a boa.
Pois então, na minha rede de amigos entendedores tem um que é uma raridade. Jodinilson Pinto de Alencar. Mais conhecido como Paçoca. Apelido do qual ele tem o maior orgulho. Tá até pensando em acrescentar ao nome. Só não sabe se coloca o Paçoca  antes do Pinto ou depois dele.
Eu que nem sabia que existiam vários tipos de paçoca, nem que tem a doce e a salgada, convivendo com Jodinilson acabei virando fã também. Não um mestre, mas um apreciador nas horas vagas. Especialmente aquela horinha vaga logo depois do almoço. Jodinilson é de Guaratinguetá, cidade paulista que ele garante ser a capital da paçoca. Ali começou, em casa, a desenvolver o gosto que se transformou em especialidade. E ele  é um sujeito que põe a mão na massa. Compra bem e ainda sabe fazer uma paçoquinha e tanto. Já tentou até me ensinar. Garantiu que com uma receita simples eu dou conta do recado. É só triturar juntos 100 g de amendoim torrado e sem pele com 100 g de açúcar, 50 g de farinha de milho e 50 g de farinha de mandioca, ou usar só 100 g de farinha de milho, depois vai ficar uma mistura bem fina, e... bem, ele desiste ao ver que sou daqueles que preferem a gôndola do mercado e até conhecê-lo mal comprava paçoca. Quando o fazia era pelo preço mesmo.
A última receita Jodinilson trouxe de Paraibuna. Como não me lembro de ter visto o Paçoca viajar recentemente, acho que ele pegou essa no Google. Mas, deixa pra lá. O importante mesmo é que a paçoca com banana e melado de caju estava extraordinária. E é legal sair com o Paçoca pra ir ao mercado ou feira. Até a paçoquinha industrial, aquela do pacotinho, que fica longe da elite onde está o chocolate e outros doces mais nobres, é visitada minuciosamente. Olha o rótulo, a procedência. Quando compra analisa a textura, morde com calma e depois saboreia. Diz que é preciso doer no canto da boca, assim, ali atrás. E ele gosta também da paçoca salgada. Nas próximas férias seu destino será Pirangi, no Rio Grande do Norte. Além das praias que convidam a um feriado eterno, parece que é lá que servem a melhor paçoca salgada do Brasil. Rapaz, deu água na boca. Paçoca no almoço e de sobremesa. Vou virar especialista!